Saturday, June 04, 2005
Paixão, individualismo e massificação
Li hoje uma entrevista na Folha da Rosa Montero (assim mesmo, sem o "i"). Ela afirmou justamente isso: "A paixão amorosa sempre esteve unida a uma alta consciência de individualidade". Disse que a gente só sofre por paixão, não por amor. Tudo bem que a paixão é o tipo de amor (eros) ao extreeeemo... Mas não é o amor cotidiano, de respeito, de gostar e admirar. - mas, hunf, isso até eu já tinha descoberto.
Disse também que nas sociedades do Oriente é menos comum se sofrer por paixão, já que lá tudo é mais "coletivo" e não se influencia nem se prega o conceito de individualidade.
Por quê eu tô dizendo tudo isso? Nem sei direito, talvez pra ter o que escrever aqui....
Mas tenho algo a dizer: quantas vezes você não viu um casal trocando juras de "amor" - publicamente, por fotolog, whatever - em meio a beijos ardentes, num "teamoteamoteamo", na maioria das vezes numa das primeiras "ficadas"? É óbvio que isso não é amor. Não é preciso ser pesquisadora pra se concluir isso; basta viver nesse mundo adolescente.
E é isso que me irrita hoje em dia: a banalização do "eu te amo". Hoje, as pessoas dizem "eu te amo" depois de uma mês (e olhe lá!) de "ficadas". E, no outro mês, já está fazendo o mesmo discurso pra outra pessoa... E se o garoto (ou garota) acha que o que ele(a) sente naquele momento é amor, como ele vai saber o que é relamente o amor? Como ele vai procurá-lo? Pra ele, aquilo ali é o máximo de sentimento que se pode ter por outra pessoa, e fim. E assim serão criados adultos vazios de sentimento e com complexo de "Peter Pan", achando que têm muita experiência de vida quando, na verdade, por viver na sociedade altamente "liberal", pensa que o amor se resume ao tesão. Longe de mim ser uma adolescente moralista (né Li? ^^), mas acho que esse é o lado negativo de hoje em dia não existirem limites. É tão fácil alcançar o prazer sexual/físico com quem quer que seja, que muitos acabam esquecendo que existe algo mais, pra colocar em poucas palavras. Longe mim, também, generalizar. Talvez mais tarde descubram, por relatos de exceções, que aquilo não era amor e que existe muito mais. Mas aí terão medo de se aventurar nesse caminho - ou não, espero que não, mas não sei porque tendo a crer que sim.
E o que será dos filhos dos filhos dos filhos de nossos filhos?
Lembrei do que eu ia escrever ontem!
Não aguento mais tanta injustiça no macro e no micromundos em que vivo. Não aguento mesmo. O Brasil é hipócrita, é sujo. (Ver post em www.fotolog.net/tutifrutti, que resume o que eu queria dizer.) E as sociedades que existem dentro dessa sociedade, também. Principalmente a escola, onde querem que sejamos ovelhinhas amestradas para passar no vestibular. Eu quero, eu preciso passar no vestibular. Mas o preço a ser pago por isso é alto - literalmente. Nos ensinam tudo quadradinho, até a fazer redações, por exemplo. Fórmulas para se fazer uma dissertação...! Meu Deus! Isso me lembrou um verso de uma música da Legião: "Nos querem todos iguais/ Assim é bem mais fácil nos controlar/ e mentir, mentir, mentir/ e matar, matar, matar/ o que eu tenho de melhor:/ minha esperança". Mas por quê quereriam eles matar nossas esperanças? Aliás, que esperanças...? A de que o Brasil é o país do futuro?
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