Sunday, February 12, 2012

da fruição


durmo, acordo e
te beijo
nessa ordem:
em fogo e paina
a vida flui.

não sonho e não
se inundam meus olhos quando
te sinto os lábios nos meus:
em febre e letargia
a vida paira.
em café, sons, pudores.
acordo em sebo e não é teu corpo
não é teu corpo em meu tato e
sei numa virada brusca:
é
afogar e logo
a vida plana.

movimento-me
por me saber tua
numa desordem qualquer
logro-te um afago:
a vida flui.

Tuesday, February 07, 2012

da vida gentil: segundos de menino na rua

o menino de uniforme escolar pergunta por que o violinista toca na rua; o pequeno corpo do menino conduzido pela mãe com precisão, o pescoço insistindo na direção do estridente que inundava também os meus ouvidos. páram no cruzamento.
- para ganhar dinheiro, responde a mãe.
o menino aceita: é desfeito o absurdo do cenário. há motivo e razão e, dessa feita, harmonia. ele atenta ao semáforo de pedestres e prepara o corpo para o impulso. atravessará à minha frente quando da luz verde, segurando obstinado sua mochila de rodinhas.