Monday, April 17, 2006

Dá licença, seu moço, que a poesia vai passar.

Minha tia uma vez me disse que não lia mais jornal, porque quando o fazia, sentia que morria um pouquinho dela a cada dia.

Já me senti assim também, no vai-e-vem das marmeladas políticas e das fotos peladas das crianças raquíticas morrendo de fome enquanto dizem 'amém'.

Amém pra uma promessa qualquer, porque quando não se tem esperança o jeito é entrar na dança e tentar pôr na balança o sonho, o olhar e a comida pra matar (todos os tipos de) fome de criança.

Chega uma hora, enfim, que essa esperança equilibrista quase cai, e a gente sente que o 'sim' é que não vamos ouvir mais...

...mas é porque nós é que não somos mais crianças, a ponto de não mais sentir a dança que não é a da solidão, mas a que diz que basta usar o coração pra se entender que viver é sentimento, e não é pra ser descontentamento.

"De graça, o povo não quer mais injeção na testa. Cansou de ser testado, pisoteado e humilhado. Sabe que não é a cabeça de um que comanda a vingança contra muitos."

E aí eu acordei.