Sunday, August 31, 2008

Pausa necessária ao fôlego da caminhada (1)

Sabia
Que você ia trazer seus instrumentos
E invadir minha cabeça
Onde um dia tocava uma orquestra
Pra companhia dançar
(Chico Buarque, Lola)

Depois da longa perturbação, vem a oscilação até a volta à sensação original, vivida em contexto diferente. Por mais que seja essa uma das funções primordiais de um balcão de bar, confesso que são raras as noites em que estranhos me dirigem a palavra sem aguardo de resposta. A ausência de expectativa, tanto no seu tom de voz como na sua sinceridade em cantar sua vida, por acaso, a mim. A ausência de expectativa e o saber ser escolhida a esmo, sem nenhuma particular afetação. Isso performou, em mim, o encantamento.

(Nota: é o primeiro parágrafo de um conto-resposta que estou escrevendo)

Friday, August 22, 2008

É a terra que querias ver dividida

Vocês sabiam que há um outro PAC (não é o da suposta aceleração de desenvolvimento) que é Programa de Atuação em Cortiços e que é financiado pelo BID, banco internacional?

Registro

Ontem eu fui a campo, dar um "pontapé inicial" pra minha pesquisa.
Foi bem legal. :) :)

"A gente resiste pra não morrer mais rápido", fala de uma senhora, professora de História na rede pública estadual, ao se apresentar.

Thursday, August 14, 2008

Notas a partir de "Fool for love", de Robert Altman

(Filme baseado na peça de teatro homônima de Sam Shepard).

1. O silêncio é leve e pesado.
2. Ao omitir a última fala da peça de teatro, a intenção do diretor me parece ser manter a história aberta. A última cena é a May caminhando pela estrada, imagem ampliando até a imensidão e ela se dissolvendo no cenário. A indefinição como sentimento e sensação sem dúvida objetivados ali são cerne do filme.
3. Tenho a impressão de que os finais 'abertos' nos filmes começam a ser recorrentes. Ou, pelo menos, a ganhar espaço. Isso se deve a i) a problemática da narrativa destruída (em termos superficialmente benjaminianos) ser assumida pelos diretores, que não sabem como resolver e, enfim, 'o que não tem solução...'?
4. Ou a ii) maior desejo de proximidade entre espectador e ator/diretor/filme, na tentativa de não subestimar o público?
5. (Estou sendo demasiado otimista? Para contrabalancear, então:)
6. iii) A impressão de recorrência do recurso 'final aberto' nos filmes não passa de ilusão; o que há é, de fato, a mais cruel ação (se mal-intencionada ou não, não sei dizer) de desindividuação do espectador a partir de histórias supostamente universais. O que há é o nivelamento a partir de critérios grosseiramente pré-estabelecidos para o sucesso de público.
7. Não é bem assim. Recomendo 'Do outro lado', de Fatih Akin.

(pausa para o jantar)