Sunday, July 11, 2010

luz

quero saber se você vem comigo a não andar e não falar
pablo neruda

também eu silencio quando tu te calas.

antes fosse silêncio cúmplice, amantes em respiração uníssona maior;
não.
é silêncio de assombro pelo descompasso, lamento pelo passado [então
presente, angústia da impossível compreensão (cada passado é [presente - e só presente - para quem o viveu. mais nada).
esse silêncio não corrói nem escorre; paira ensimesmado em sua densidade tão.
é quase óleo. é quase
como o frio quando o corpo toca o lençol: sustenta-se.

esse silêncio não se quebra, meu amor. nesse silêncio adentramos, e dele nos empantanamos, ávidas em prosa e sol, cúmplices em permanência e gratidão.