Ensaio não é aglomerado de palavras; é treinar, experimentar e cada vez descobrir um novo ou uma nova. Não o novo ou a nova, porque nova e novo são indefinidos por definição. Este ensaio é breve por ser quase apenas os primeiros minutos de uma valsa, a Valsa dos cisnes ou o Danúbio, embora levemente contemporaneizados. Não-livres de clichês, contudo, pois embora as atualizações (forçadas e genuínas) aconteçam de maneira cada vez mais forte, há que se manter a beleza das valsas, o oscilar lânguido e perfeito e o semi-cerrar de olhos tão bem encaixado(s).
A gratidão pode ser tão bonita quanto a valsa, quando nela (digo, na valsa) não se espera um salão nobre ou baile de máscaras para encerrar grandiosidades medíocres ou fracassos. A gratidão pode ser a valsa bonita que soa com o caminhar sobre o gramado em dia de sol não tão quente, o ritmo cardíaco e a respiração em compassos que até o padre duvida.
Gratidão não se ensaia - embora os ensaios também contenham dose cavalar de improviso, emoção e doação genuína (e quando me refiro ao genuíno, não nego a construção, a história, os pesares e pensares). Gratidão explode, ainda que tímida; gratidão derrama lágrimas e sorrisos e beijos e abraços e sal e doçura. Gratidão não é quando nem como, gratidão é e é deixar ser e estar. Consciente e confortavelmente, sentir-tocar.