Tuesday, July 08, 2008

Vinte anos

Nos últimos dias, penso nos meus recém-chegados vinte anos de vida e busco sínteses e entendimentos de processos. Busco palavras e conceitos que possam expressar o que é uma vida no contínuo desta existência.
Vinte anos é pouco e é muito. É pouco porque nada sei da vida, é muito porque tanto sinto apreender.

E me vêm as descobertas, as permanências e as transições, em processos e explosões. Implosões rendidas e assumidas. O contato com as temporalidades, tanto aprendizado!
O amor mais puro e genuíno, desde sempre, no porto seguro que é meu lar. A preocupação entendida, de todos os lados. A felicidade compartilhada, multiplicada nas conquistas. O apoio desejado, implícito e por vezes explicitado: segurança. O cuidado fraterno (de irmão, mesmo) e a cumplicidade.
O caminhar para a conquista de autonomia e auto-sustentação (e afirmação), desde o deixar de andar de mãos dadas com os pais em lugares públicos, até a escolha do que cursar na faculdade: aprender a decidir por mim mesma os meus desejos.
No processo de adquirir segurança de si, voltar a andar de mãos dadas com os pais em lugares públicos. Andar lado a lado com os pais, em lugares públicos e nos rumos particularmente escolhidos dentre possibilidades limitadas.
A experimentação de relações, o descobrimento das diferenças e o maravilhamento com a diversidade: a amizade; a descoberta do amor também tão genuíno, sem laços de sangue ou de família.
A percepção do desejo, a coragem da sinceridade.
A oscilação entre o cuidado de si e o zelar pelos outros.
Performances, ressignificações constantes: é a dinâmica processual tão bonita e tão cheia de si, de cor, de oscilação e equilíbrio.
É corda-bamba com sombrinha: braços abertos.
Felicidade, tristeza, angústia, sofrimento, impotência, descrença; as dores, é claro.
Contorno dos caminhos, salto de pedras: beira do mar. (Pular ondas, sorrir, confiar, acreditar.)
A busca incessante de preenchimento. O entendimento do preenchimento por si. O alívio no não-preenchimento, na plenitude impossível e na percepção de vontades, sempre originais, em transformação. O cuidado de si, agora leve. O zelar pelos outros, sem peso.
A história, as histórias. O horizontalizar relações, a solidão: vislumbrar novos horizontes.
A leveza e o peso do amor. Enfrentamentos, encantamentos e digressões. Paixão, terra, mar.

O amor como arremate, su(b)stância e fundamento: é esse o elemento espiralante do balanceio de vinte anos.
(Com um pouco de café, doces, lágrimas e abraços.)
Minha vida é matéria de sonhos - e os sonhos direcionam meu olhar crítico à realidade.
(A crítica da transformação com manutenção; a síntese como processo e como transitoriedade.
Num tempo que é meu. Concomitante a intersecções e encontros os mais bonitos. Em tempos.)

1 comment:

Unknown said...

o ritmo de uma idade que vem tão rápido quanto vai.
bonito.