Subia os degraus do sobrado em silêncio, movimentos precisos na exata medida entre o soltar demais o corpo a cada passo e o tomar muito impulso a cada inspiração. Exalava equilíbrio, mas não durante as festividades. Não que precisasse extravasar, não comprava a balela freudiana – não por amargor ou insegurança, mas por outro tipo de incompatibilidade, que especialmente nesse fim de ano aflorou: beleza. Necessidade e desejo de beleza. Não via a beleza nas medições, nas solícitas contenções e dispendiosas contendas, não; a via nos extravasares. Drama barato a olhos insensíveis; profundo amálgama eu-Outro aos mais cuidadosos. Os desavisados que não suspeitassem da destreza em não calcular sentimentos até ofereciam mimos e regalos, que de bom grado aceitava, ruborizando. Mas o que solapara, nesse Natal o que solapou em água e flor toda encenação foi a percepção do permitir-se encantar.
Saturday, December 26, 2009
Friday, December 18, 2009
coração febril, abraço e amargura
acontece que não; não estava acordado que daquele encontro meio lascivo, primeiros toques sem ponderar limites, quentura dos corpos solapando interstícios, sem meias-inteiras-palavras, quem diria que desse arroubo embriagado ficariam olhares tão doces, apaixonadamente cúmplices? e brotaria – não se sabe de onde – algum pudor, timidez até, ansiedade. tempo de arrepio ao roçar de lábios, chumaços de entrega em carinhos incontestes. acontece que dançar conforme a música também é se permitir ser conduzida, e conduzir sem as mãos. e brotou., quer dizer que brota amor em meio a medos, traumas, e receios?, em meio a perdas, saudade, muita dor e lágrima? acontece que sim, brota, sim, acontece.
liberdade é quando eu rio na vontade do assobio
faço arte com pandeiro, matemática e loucura.
serenatas do Brasil, eu serei três serenatas:
uma é o coração febril, a outra é o coração de lata,
a terceira é quando eu crio na canção um desafio
moraes moreira
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