Sunday, November 28, 2010

memórias, as futuras XXVII

a cidade do meu coração tem rios que chegam caudalosos e, lamacentos que se tornam, perdem o movimento. O empantanamento não sei dizer por donde ocorre; talvez por adensamentos acompanhados (é a tendência) de inação. inação quer pelo encanto, quer pelo sufocamento. mas arrisco dizer: tal empantanamento não é mais que circunstancial. acontece conforme as acontecenças - habitantes do meu coração - são nomeados. sim, nesse vai-e-vem:
1- quando os acontecimentos (as acontecenças, prefiro) sabem-se povo da cidade do meu coração e
2- quando a eles dá-se nomes não-inventados, em tentativa (e sob argumento) de comunicação. (porque os adensamentos são agora feitos de gesso)

mas felizmente tem-se que: o membro engessado coça, exige atenção. o percurso pode ser árduo para recuperação do vigor, do viço, da forma. exaurido em disciplina, o coração se orgulha quando de novo se movimenta!

- [isso deve ter efeito de travessão, entre linhas]

mas logo e de novo vêm os nomes e lá vamos tornar pântano novamente o membro-rio então agitado. como romper com esse ciclo vicioso? abster-se de nomear não adianta (há de se prezar pela comunicação). tampouco mudar os nomes (é trocar seis por meia-dúzia). não há como quebrar o ciclo?

(sem título por enquanto)

[a vida] quer da gente é coragem.
guimarães rosa
Não se acovarde

Não há tempo manso
ou espera que cure.

Há furacões e seus centros,
olhos de tigre cuja
menina é cardiopata
(não há ritmo)
Há a exigência da coragem.

Mais nada.

Thursday, November 04, 2010

corazón

tirei o relógio de parede que ficava na sala de casa. dependurei, tirei as pilhas e o abandonei em cima da pilha de revistas (intocadas há semanas). podia ser o seu cheiro, ou outro, tanto faz, que o tic-tac do relógio me trouxesse. mas não traz mais nada. como pode um objeto ter ou não ter história, aflorar-nos tanto na memória? tirei também o pó de um ou dois dias acumulado nos santos que circundavam meu cantinho espiritual. suspirei, sim, não tem como abrir o coração sem suspirar. às vezes abre-se sem sequer a intenção de vasculhar, mas os suspiros afloram e se fosse diagnosticar eu diria: cardiopatia grave, porque o coração retumba e ecoa, e a respiração muda (arfante ou contida, passa-se a percebê-la, e respiração é dessas coisas que quando se percebe é porque chama a atenção, e se chama atenção é porque algo de extraordinário há, e se é extraordinário pode bem ser errado, e aí nos preocupamos, quando é com alguém querido, e suspiramos, quando é dentro da gente, mesmo, porque o suspiro é o diagnóstico que o próprio coração dá à cardiopatia). virei-me, abri as cortinas, não teve brisa a brindar-me: é verão neste hemisfério, e as noites cada vez mais densas.

Wednesday, November 03, 2010

abóboras

com esse post inauguro uma nova sessão aqui no blog: receitas! (que eu faço e testo antes, pra ver se fica gostoso)

a de hoje então é: macarrão com molho branco, abóbora e champignom.

fazer o macarrão todo mundo sabe, né? ferver a água, colocar sal, o macarrão que você preferir e - isso é o mais importante pra toda receita de macarrão que se preze! - prestar atenção no tempo de cottura, que é pro macarrão não ficar nem muito duro nem muito mole, mas al dente!

numa panela separada, colocar alho, cebola, refogar por um tempo até ficar aquele cheiro bom, e douradinho, e jogar as abóboras já picadas (em pedaços grandes). colocar um pouco de sal.

o molho branco tem vários modos de fazer. dá pra fazer com creme de leite, mas eu prefiro sem, que fica mais levinho. então é só colocar um pouco de manteiga numa outra panela, deixar derreter. num copo, misturar leite com maizena, misturar bem. jogar um pouco de leite (sem maizena) na panela, e ir jogando aos poucos o leite com maizena, sempre mexendo bastante, que é pro molho engrossar. aí quando der o ponto que você gosta (mais grosso ou mais ralo), é só jogar tudo o que tinha na panela com a abóbora nessa outra panela.

nesse meio tempo, você mesmo (ou alguém, já que é gostoso também cozinhar junto com alguém) cortou os champignoms, então é só jogá-los na panela também. deixar o fogo ainda um pouquinho ligado, pra tudo ficar mais curtido.

e pronto! é só desligar e misturar com o macarrão. :)

uma dica é ralar um pouco de noz moscada por cima do molho, e dar uma boa misturada, antes de servir (depois de ter desligado o fogo). noz moscada é um dos meus temperos favoritos, fica bom em tudo! mas tem que por só um pouquinho, porque é forte. colocar queijo parmesão ralado por cima também cai muito bem!