porque essa insistência em vestígios de amor numa relação tão violenta. porque os pés gelados num dia frio, zanzando pela casa, num quase automatismo de auto-flagelo. porque os músculos doloridos de uma noite sem memórias. porque as brechas, as frestras, o intransponível, o indizível, o indecifrável e a espreita. porque o erro, e só ele, é que faz sentido, confidenciaram-me. agarrei-me a essa máxima e não solto até o soluço passar.
Sunday, May 22, 2011
Thursday, May 19, 2011
da vista da minha janela
a vista da janela do meu quarto é o muro do quintal. entre o muro e a minha janela fica uma máquina de ginástica que meu pai comprou e enferrujou, de vez em quando uma bicicleta encostada, de vez em quando meu cachorro e quando eu chamo ele pela janela ele abana o rabo e faz aquele chorinho de cachorro porque ele quer chegar mais perto de mim mas não pode por causa da máquina de ginástica enferrujada, de vez em quando da bicicleta e das grades e da tela que tem na minha janela, então mesmo que meu cachorro conseguisse colocar suas duas patinhas na beirada da janela ele não ia conseguir me dar nem uma lambidinha porque tem uma tela pra proteger de pernilongos mas ela não adianta nada porque minha casa é infestada de pernilongos então na verdade essa tela não serve pra nada e ainda por cima não deixa meu cachorro me dar uma lambidinha de carinho.
Sunday, May 08, 2011
em sagrada festa
os anjos que me circundam (eu sei)
são anjos desfigurados com cabelos cinzentos e
asas (como devem tê-las os anjos).
são fortes e sorriem e dançam e eu também sei
que se alegram quando me ilumino.
digo, por isso às vezes
me brotam lágrimas e falta o ar
- porque esses anjos querem
(esquecem sua condição celestial)
brindar a vida e no regozijo-tão se excedem
e vêm a mim todos alegres pelo tempo que há.
são anjos desfigurados com cabelos cinzentos e
asas (como devem tê-las os anjos).
são fortes e sorriem e dançam e eu também sei
que se alegram quando me ilumino.
digo, por isso às vezes
me brotam lágrimas e falta o ar
- porque esses anjos querem
(esquecem sua condição celestial)
brindar a vida e no regozijo-tão se excedem
e vêm a mim todos alegres pelo tempo que há.
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