Wednesday, July 27, 2005

coisas bonitas

Hoje não tem coisa minha aqui, diretamente. Coisas bonitas pra vocês:

Metade
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,
Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente
Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a plateia e a outra metade, a canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.

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Chão de Giz
Zé Ramalho


Eu desço dessa solidão, espalho (ou disparo?) coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúde

Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes

Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir
Há tantas violetas velhas sem um colibri
Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de vênus

Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom

Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar
Meus vinte anos de 'boy', "that's over, baby" , Freud explica

Não vou me sujar fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom

Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo é assunto popular.

No mais, estou indo embora...

2 comments:

Morone said...

Oswaldo e Zé Ramalho, muito bom, principalmente o zé ramalho...
Saudades do cd que meu pai tinha xD
T+

Anonymous said...

ouvi a música e lembrei que tenho no dvd
xP
amei o post anterior, que vontaaaade de viajar, meodeos!hehe
quero saber o que há contigo once for all, que coisa!