Friday, August 31, 2007

que pousou na sopa

A sua mesquinharia se faz sentir em mim. Seu anti-desejo de não perceber quão terrível é a queda. Meu medo de machucar ao ver o chão mais de perto se desfez; somos dois bebês encantados com o mundo exterior que de nós se separa instante por instante – já. Por mais que a gente se machuque, se estrepe, se foda. A gente tem esperança. E sonha. A sua presença me mutila, e não me abandona. Meu medo se desfez; o que a gente quer é a intensidade. Ai de quem não rasga o coração.



Quem sou eu pra falar de amor
Se de tanto me entregar nunca fui minha
O amor jamais foi meu
O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida
E me deixou assim.
Chico, aquele lá, sempre, claro, o Buarque de Hollanda.

ac(l)ariceando(-te)

Eu lutava porque não queria uma alegria desconhecida. Ela seria tão proibida pela minha futura salvação quanto o bicho proibido que foi chamado de imundo - e eu abria e fechava a boca em tortura para pedir socorro, pois então ainda não me havia ocorrido inventar esta mão que agora inventei para segurar a minha. No meu medo de ontem eu estava sozinha, e queria pedir socorro contra a minha primeira desumanização.
A desumanização é tão dolorosa como perder tudo, como perder tudo, meu amor. eu abria e fechava a boca para pedir socorro mas não podia nem sabia articular.
Clarice Lispector, A paixão segundo G.H.

Saturday, August 25, 2007

"...e a gente pagou pra ver"

Que seja.
Estou farta de racionalizações que me impõem incondicionalmente. Estou farta de reproduzir racionalizações. De agora em diante, o meu horizontalizar não me preocupa mais; se há condição humana, que seja... Que seja a que nos faz ficar.
Se for pra comparações baratas, te digo da chuva de verão. Ou do arco-íris que vem depois dela. Deliciosos assim, displicentes assim.
Não quero me fazer entender, quero ouvir suas palavras bonitas, e quero nelas acreditar. Quero a sua sinceridade, seus olhos esbanjando descobertas, sua ansiedade, meus-nossos anseios e uma novidade com cheiro de armário, ou de alecrim, que me enche toda - a partir de você. Quero nós como sujeitos não-platafórmicos, reais, líricos, ingênuos - porquê não? - e sonhadores.
Que venha.