Wednesday, February 13, 2008

Carnavália

A luz apaga porque já raiou o dia
E a fantasia vai voltar pro barracão
Outra ilusão, desaparece quarta-feira
Queira ou não queira terminou o carnaval.
Mas não faz mal, não é o fim da batucada
E a madrugada vem trazer meu novo amor
Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro
Come o couro no terreiro porque o choro começou.

A gente ri
A gente chora
E joga fora o que passou
A gente ri
A gente chora
E comemora o novo amor.

Brancos, negros e mulatos. Pobres, ricos, classe média. É clichê dizer que o Carnaval é a festa nacional, que une todo mundo. Mas é assim, e então parece que a vida é um pouco clichê, também. Constatei isso aqui em Recife.

Diferentemente dos times de futebol (o Sport de maior torcida, de classe média; o elitista Náutico e o popular - indo na raiz do termo - Santa Cruz), fanatismo de recifenses como, talvez (novamente clichê constatado) da maioria dos brasileiros, os blocos que desfilam e fazem a festa e a história no Recife não são segmentados por estrato ou classe social.

Na festa de abertura, o prefeito é "vaiado só pelos ricos. Eu aplaudo mesmo", me grita no ouvido a Marina, moradora de periferia e amiga de minha grande amiga Aline (em cuja casa de família estou me hospedando e sendo super bem acolhida). Quando pergunto se a prefeitura é boa, ela é assertiva: "Os dois mandatos de João Paulo fizeram foi melhorar muito Recife". E de qual partido ele é? Do PT.

Depois de palanque, o palco acolhe todos os santos e muito batuque, e me vejo no meio de uma ciranda colorida que "só faz aumentar" e preenuncia a alegria, os sorrisos, a expansão e o frevo da cabeça ao pé que percorrem e marcam todo o Carnaval daqui. Elza Soares e Marisa Monte também abençoam os foliões, com direito inclusive a homenagear Chico Science.

O maracatu, ao lado do frevo, é um dos ritmos dominantes. Tambores, cores, chapéus preenchem Olinda, e quando olho para cima, os bonecos gigantes assumem contornos nítidos no céu azul, azul. Lembro-me das histórias, das tradições, e me sinto preenchida e acolhida, fazendo parte de tudo aquilo e tudo isso. No lugar certo, na hora certa - e na embriaguez do frevo. Abençoado por todos os santos, todos os olhos e todas as cores.

2 comments:

ovilha said...

sabia que aqui nessa lonjura seu blógui carrega rapidinho? e que daqui seus clichês sao uma gracinha?

Sydnei Melo said...

Sabes que eu penso...

O colorido não precisa se fazer de ilusão.

Dou vivas ao Frevo.