E quando a memória encrustrada no corpo oscila entre a tonelada sobre os ombros e a leveza do sambar? Acontece o campo de visão ampliado, sensibilidade à flor da pele, mente desanuviada no embalo da harmonia, o corpo cedendo à marcação mais grave. Na reciprocidade que o tempo apresenta aos sedentos de encontro, o samba é anfitrião.
tem mais samba no encontro que na espera,
tem mais samba a maldade que a ferida
tem mais samba no porto que na vela
tem mais samba o perdão que a despedida
tem mais samba nas mãos do que nos olhos
tem mais samba no chão do que na lua
tem mais samba no homem que trabalha
tem mais samba no som que vem da rua
tem mais samba no peito de quem chora
tem mais samba no pranto de quem vê
que o bom samba não tem lugar nem hora
o coração de fora
samba sem querer
vem que passa
teu sofrer,
se todo mundo sambasse,
seria tão fácil viver
Vinicius de Moraes, Tem mais samba.
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