Sunday, June 19, 2011

citadina

há manchas no meu corpo que seriam julgadas
tamanha a lascívia, tamanho o ocaso,
tamanha a luxúria que evocam e contêm

com isso que chamam pó compacto
então as cubro
com lenço e camisa e casaco e calça e renda
e pó

que em nada compactua com meus desejos de mulher.

nessa multidão que nada me oferece além de roçares

escondo e camuflo e me enquadro mas, ah!,
há sempre o indisfarçável e eu rio
rio fluido sob o sol que desembaraça tantos encontros-presentes.

3 comments:

Helena Tereza Veranise said...

puxa, adorei!

Cauê said...

sempre termino seus textos com um sorriso enorme na cara.
bela luxúria.

Gabriel said...

'eles não sabem, não entendem', mas o que é que há - dos prazeres fortes a gente precisa esconder, segredar - e o consumismo fugaz é motivo de orgulho.

Dos prazeres, eu prefiro os reais. É isso.