cruzou o meu caminho – e não o contrário – uma mulher de cabelos ressecados, talvez com corte, talvez ressecados apesar da devoção e do cuidado, talvez pelo tempo seco que vem com a chegada do outono, ou pelo uso equivocado de produtos de má qualidade que são o que ela pode comprar. ela, que trabalha num despachante, e antes das 16:00 tinha ainda um copo cheio de café ao seu lado. um copo americano, de bar, o mesmo que, aposto, ela enche de cerveja aos finais de semana. não reparei se fumava, talvez sim, para compor a personagem perfeita. talvez não. talvez tenha filhos, e um deles estude no exterior. talvez o marido – ou a amante – lhe presenteie com jóias vez ou outra. talvez ela já tenha visto um jogo do corinthians no estádio, talvez lido um romance do paulo coelho ou do machado de assis. talvez ela nutra uma paixão por comida asiática, talvez cozinhe muito durante seu final-de-semana para congelar parte da comida para comer durante a semana. talvez já tenha experimentado cocaína, tomado leite com manga, feito uma cirurgia de alto risco, visto o mar. cruzou o meu caminho, ela, que passa dos trinta e talvez beire os quarenta anos, uma pele amorenada, cruzou, ela, porque me despertou vontade de saber tanto a seu respeito. cruzou o meu caminho, e não contrário, porque enquanto passava eu defronte o despachante onde trabalha – desde quando? –, ela sequer desviou os olhos da tela do computador.
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