Thursday, April 22, 2010

da velocidade

há momentos em que eu preciso esperar. não sei o quê, não sei porquê, ou pra quê. mas esperar, que eu sei que. esperar um evento, um acontecimento. algum estímulo, de dentro ou de fora, para seguir caminho ou me deixar levar. às vezes espero na procrastinação: no silêncio de quando o álbum acaba; na vadiagem obcecada por rastros virtuais; no domingo que se alonga por toda a semana e pesa debaixo dos olhos. n'outras vezes, espero freneticamente: chacoalho as pernas sem perceber, num ambiente lotado qualquer; entorno copo atrás de copo de cerveja; arrisco um cigarro; desvio olhares, arrisco fechar os olhos e aguçar outros sentidos. gosto mesmo é de quando essa espera cede lugar a outros tempos - mas aí já é acontecimento. o nascer do sol, especialmente, funciona como interlúdio na espera, e então, quando vejo, é entre baixar a guarda, os óculos de sol e os ombros, um pouco mais, que até a espera virou elemento de sinfonia. o novo desafio é descobrir (desvelando, dirigindo e orquestrando) se o movimento é de valsa, marcha ou fuga. se a modulação do tema, se há, é mais alegre ou menos rápida; se a expansão melódica respeita o tom e o andamento; quão ousada é a invenção. é evidente que me questiono com freqüência sobre quais são as permutações impossíveis, e também com certa freqüência concluo versando variações sobre o mesmo tema. mas se é sobre tempo que falo aqui, aquieta meu coração a certeza das novidades.

para ler ouvindo: resposta ao tempo, de aldir blanc. na interpretação, claro, de nana caymmi.

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