quer à primeira vista, quer na lenta transformação da amizade virando-alguma-coisa-diferente-que-não-sei-bem-o-quê-é; na concretização mais romântica do platônico, com direito a jantar à luz de velas; no hedonismo embriagado do dionisíaco uma-noite-e-nada-mais: todo amor já nasce viciado.
pode ser meticulosamente arquitetado, como os dados ocos com peso de resina precisamente no centro do lado do número seis; como pode ser também o vício que se instaura aos poucos, da maconha à heroína, e vai nos consumindo até tornar embaçada a distinção entre sujeito e objeto de desejo. até dissimular quem escolhe, quem decide, quem consome, e o quê é consumido.
então a diferença fundamental, e que deixa toda história de amor bonita, reside justamente nos desenrolares: se o amor já nasce viciado, no mesmo instante em que nasce, contudo, já é único. pois os instantes que vão se sucedendo em cada história são instantes-já, como diz clarice lispector. irreversíveis, intangíveis, impossíveis de não-serem, ao passo que, por definição, são. é ao mesmo tempo um alento e uma qualidade: mais ou menos como dizer que, se todo amor nasce viciado, as possibilidades de vício são geridas pela verdade idiossincrática de cada pessoa, ou melhor, de cada uma das pessoas que compõe o par (ou trio, quarteto, quinteto...) amoroso. As possibilidades de vícios existem na proporção em que cada um já tem sua história e seu modo de contá-la. Na medida em que não existem impressões digitais idênticas, ou em que em cada gole de cerveja reside uma novidade, uma aflição.
Na medida em que cada dança pode ser sincopada ou lenta, e, para cada caracterização existem ainda (no mínimo) um novo par de possibilidades que se abre. a dança lenta apaixonada numa noite quente de verão seguida de beijos lascivos e roupas ao pé da cama, o telefonema da ex no dia seguinte quando há outros braços ao redor, um cigarro entre vestir o sutiã e o par de sandálias, um suspiro e a meia-volta arrependida (porque a gente sempre volta pro vício, ou ele pra nós; a ordem nem importa), por exemplo, é só uma possibilidade da combinação de todos os elementos passíveis de permutação (incluídos aí todos os imprevisíveis - a esmagadora maioria). delícia de vício.
pode ser meticulosamente arquitetado, como os dados ocos com peso de resina precisamente no centro do lado do número seis; como pode ser também o vício que se instaura aos poucos, da maconha à heroína, e vai nos consumindo até tornar embaçada a distinção entre sujeito e objeto de desejo. até dissimular quem escolhe, quem decide, quem consome, e o quê é consumido.
então a diferença fundamental, e que deixa toda história de amor bonita, reside justamente nos desenrolares: se o amor já nasce viciado, no mesmo instante em que nasce, contudo, já é único. pois os instantes que vão se sucedendo em cada história são instantes-já, como diz clarice lispector. irreversíveis, intangíveis, impossíveis de não-serem, ao passo que, por definição, são. é ao mesmo tempo um alento e uma qualidade: mais ou menos como dizer que, se todo amor nasce viciado, as possibilidades de vício são geridas pela verdade idiossincrática de cada pessoa, ou melhor, de cada uma das pessoas que compõe o par (ou trio, quarteto, quinteto...) amoroso. As possibilidades de vícios existem na proporção em que cada um já tem sua história e seu modo de contá-la. Na medida em que não existem impressões digitais idênticas, ou em que em cada gole de cerveja reside uma novidade, uma aflição.
Na medida em que cada dança pode ser sincopada ou lenta, e, para cada caracterização existem ainda (no mínimo) um novo par de possibilidades que se abre. a dança lenta apaixonada numa noite quente de verão seguida de beijos lascivos e roupas ao pé da cama, o telefonema da ex no dia seguinte quando há outros braços ao redor, um cigarro entre vestir o sutiã e o par de sandálias, um suspiro e a meia-volta arrependida (porque a gente sempre volta pro vício, ou ele pra nós; a ordem nem importa), por exemplo, é só uma possibilidade da combinação de todos os elementos passíveis de permutação (incluídos aí todos os imprevisíveis - a esmagadora maioria). delícia de vício.
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