Wednesday, October 04, 2006

Tilin

Sinto o véu caindo.
Tenho dúvidas se cai pela física,
metafísica
ou patafísica.

Se alguém o puxa,
se eu me desvencilho,
se vários o puxam,
se é o vento que venta que o faz deslizar.

Se eu me seguro,
seguro
ou se pulo.
No quase -
No escuro.

Monday, September 25, 2006

O mar e o sertão. Ou amar Lisbela.

Dizer que é amor às vezes é significante.
Às vezes, não.
Pode corresponder a dizer 'bom dia', e isso não precisa ser, necessariamente, coisa de tia. Ou coisa de quem mente. Ou exagera o sentimento, ou o que tem em mente.
Pode sentir que ama e não dizer, pode amar o sentir e não dizer! Porque a partir do momento em que diz e personifica, puf! a palavra vira pessoa e Pessoa que é amor é rara de encontrar. Pode atá existir várias Pessoas, mas algumas nem amam. Outras se amam. Outras ignoram.
Enfim, o dizer é por vezes desnecessário.

Parodiando o príncipe (muito estudado por mim nesse semestre!), o essencial é inexistente nas palavras.

Saturday, September 09, 2006

Roda viva

Tem dias em que tudo faz sentido e a gente, felizmente, se sente contente. Como se a nuvem negra nos deixasse, ou até nos acalmasse, quiçá fizesse parte da parte que agora existe.
Nesses dias, tudo basta. Tudo completa, ou se completa.
Eucompletovocê.

Friday, August 25, 2006

A borboleta voou (como na cena do Patch Adams)

Shakespeare disse, já, que somos feitas das mesmas matérias de nossos sonhos.
Será que se a gente tiver um sonho bem denso e passível de realidade, a efemeridade da nossa vida diminui?

Efêmera assim, a vida.
Praticamente se desmancha no ar.

E quando você percebe que não vai mais poder conversar futilidades e amenidades com alguém, já é tarde demais pra ter vontade de fazer com que a pessoa sinta-se bem e saiba o carinho que vc tem por ela. Será?

Ainda assim, eu não compreendo. E ainda acho que é uma pena, e é triste.
Só espero que ela pense o contrário e esteja melhor agora.

Wednesday, August 23, 2006

As estrelas observavam a menina, estarrecidas. Jamais outro ser tão etéreo as tinha chamado tanto a atenção. A menina Luzia, encantada com sua sombra provocada pelo luar, sorria embevecida em seu mundo recém-descoberto. Sua sombra sempre parecera atônita e alheia a tudo, o que por vezes chateara a menina. Mas agora descobrira o motivo disso tudo: ninguém nunca tinha ensinado a ela, pobre criatura das trevas, as expressões. Não sabia o que fazer para expressar felicidade ou tristeza. Luzia compreendera, e agora pensava uma técnica para ensinar sua sombra a se expressar.

[Ela está pensando.]

Saturday, June 24, 2006

A vida inteira que podia ter sido e que não foi

E depois de tanto sofrer, quem adivinhar ganha um doce.
É, perdi.
(batata)
Logo ele.
Logo eu.
Pra nunca mais.
E saudade entra e faz morada no meu peito.
Saudade do que podia ter sido e que não foi.

Sunday, May 28, 2006

A chuva que (não) limpa

Deixa eu brincar de inventar, eu não consigo mais olhar pras gotas na janela a escorrer.
E nem adianta a brincadeira, eu sei que a tarde inteira eu vou pensar em você.

De repente na janela, as gotas verde-e-amarelas se fundem e me confundem, e delas eu vejo uma flor.
E vejo que foram meus olhos criadores da confusão:
As lágrimas me deixaram, do verde-amerelo a desbotar, criar a flor - da ilusão.

Monday, April 17, 2006

Dá licença, seu moço, que a poesia vai passar.

Minha tia uma vez me disse que não lia mais jornal, porque quando o fazia, sentia que morria um pouquinho dela a cada dia.

Já me senti assim também, no vai-e-vem das marmeladas políticas e das fotos peladas das crianças raquíticas morrendo de fome enquanto dizem 'amém'.

Amém pra uma promessa qualquer, porque quando não se tem esperança o jeito é entrar na dança e tentar pôr na balança o sonho, o olhar e a comida pra matar (todos os tipos de) fome de criança.

Chega uma hora, enfim, que essa esperança equilibrista quase cai, e a gente sente que o 'sim' é que não vamos ouvir mais...

...mas é porque nós é que não somos mais crianças, a ponto de não mais sentir a dança que não é a da solidão, mas a que diz que basta usar o coração pra se entender que viver é sentimento, e não é pra ser descontentamento.

"De graça, o povo não quer mais injeção na testa. Cansou de ser testado, pisoteado e humilhado. Sabe que não é a cabeça de um que comanda a vingança contra muitos."

E aí eu acordei.

Tuesday, February 21, 2006

Um a menos

Acho que foi em algum filme. Ou livro. Sempre que o pai terminava de fazer a barba, ele dizia 'uma a menos'.
Imagina só. A filosofia.
Sempre que acordar, um a menos.
Sempre que for dormir, um a menos.
Sempre que beijar, um a menos.
Sempre que se decepcionar, uma a menos.
Sempre que...
Imagina só.

Nem um fio de cabelo. A mais. Ou a menos.

Nem um choro na madrugada.
Nem uma confusão entre as vidraças do carro em dia de chuva e seus olhos
(é o vidro embaçado!)
Nem uma mão sobre o seu ombro com a força certa pra te manter perto do chão
(eu disse perto. Porque se voa, ah, como se voa ao som dos não-metais)
Nem um 'olá' a mais.

Ou a menos.



(eu, hein!)

Tuesday, January 31, 2006

Repeteco

Sentir o contato com o nada, ou com o tudo; sentir uma onda quente vindo de dento de mim pra mim mesma. Não nadar contra a corrente só pra provar pra todo mundo que eu não preciso provar nada pra ninguém.

De repente estar num barco tornou-se tão mais agradável... E ir onde o vento me levar não é mais indício de desespero. Apesar que desespero nunca foi; nunca nem te disse que fora de olhos tão abertos. Sei que assim falando pensam que essa confusão é moda em 2006, mas eu quero mesmo é correr e abraçar e beijar todos vocês.

"Quando vejo o mar
existe algo que diz
que a vida continua
e se entregar é uma bobagem"
Legião Urbana